Tuesday, July 25, 2006

Hoje venho dizer-te que nevou

Hoje venho dizer-te que nevou
no rosto familiar que te esperava
Não é nada, meu amor, foi um pássaroa
casca do tempo que caiu,
uma lágrima, um barco, uma palavra.

Foi apenas mais um dia que passou
entre arcos e arcos de solidão;
a curva dos teus olhos que se fechou
uma gota de orvalho, uma só gota,
secretamente morta na tua mão.

[Eugénio de Andrade]

2 comments:

OliPedro said...

Oi, finalmente descobri o teu blog, mas foi mesmo sem querer, mas deixaste um rasto...

O Autor® said...

Eugénio de Andrade escreve coisas deliciosas...profundas e curtas na generalidade...eu gosto deste entre outros.



É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.